Biografia
Lhe convido para conhecer um pouco da minha história.
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Meu contato espiritual iniciou-se aos 12 anos, precoce e um tanto quanto traumatizante e vou explicar o porquê. Nasci em uma família com diversos segmentos religiosos, católicos, evangélicos, espíritas, testemunhas de Jeová entre outros. Minha mãe, que sempre esteve e está ao meu lado, tinha uma ligação mais católica, e sem muita instrução teve que aprender a administrar a mediunidade do filho pré-adolescente.
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Meu primeiro dom espiritual foi a visão, começou de forma espontânea e totalmente aleatória. Comecei a ver minha tia recém falecida andando pela casa. Quando aconteciam essas visões, eu ficava extremamente nervoso com muito medo e chorava bastante, era um pouco assustador na época. Lembro de ter muito medo do que as pessoas pensariam, ou até mesmo se debochariam de mim, então comecei a esconder a quantidade de visões que eu tinha por dia.
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Nessa idade eu não queria estar passando por esse tipo de coisas, já tínhamos uma vida difícil e eu não queria ser mais um problema. Eu não me dava conta do quão especial eram aquelas visões.
Por uns dois anos as visões tinham períodos de altos e baixos, um mês eu via muitos espíritos e vultos e no outro não via nada, e comecei a compartilhar mais sobre isso com minha mãe, tornando esse tema mais natural dentro de casa.
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Uma coisa importante, meu dom da visão, veio sem nenhum aspecto religioso, eu não tinha nenhuma informação do que eram aquelas pessoas que apareciam e muito menos porque apareciam pra mim. Então aos 14 anos me interessei pelo estudo religioso e comecei uma vida quase acadêmica de leitura, não possuía acesso fácil a internet como hoje em dia, então as bibliotecas foram minha escola.
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Quanto mais eu lia, mais as visões ficavam fortes e os espíritos chegavam mais perto, de alguma forma, sinto que ler sobre a religiões e formas de espiritualidade, abriram mais caminhos para que outros espíritos me encontrassem. Isso começou a ficar um pouco assustador para um adolescente, a palavra é realmente essa, assustador. Eu não ficava mais sozinho, todo lugar eu tinha uma visão e comecei a ter visões mais pesadas, com espíritos deformados, sangrando, levitando e de alguma forma alguns deles se divertiam por me assustar, eu sentia essa energia de zombaria.
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Eu não tive uma criação religiosa, mas minha mãe ensinou a rezar o Pai Nosso, a Ave Maria e em uma tentativa de ser católico me inscrevi na catequese da Igreja São Francisco perto de casa e aprendi a oração do Credo. Não segui por muito tempo na catequese, não senti vontade de continuar, não houve um motivo especial que me fez desistir, mas com essas 3 orações eu consegui me "proteger" de algumas visões.
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Toda vez que aparecia um espírito que me dava muito medo eu rezava um pai nosso, uma ave maria e o credo e eles iam embora, ali aprendi que eu tinha como me proteger, era só falar com Deus e dessa forma aprendi que precisava me comunicar melhor com Ele.
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Nesse meio tempo conheci a Tradição do Sol, uma prática da bruxaria que me ensinou a importância dos antepassados, o culto aos elementos e sobre a mãe terra, mas de alguma forma não me preenchia pois ninguém conseguia explicar minhas visões.
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Quando eu tinha 15 anos uma vizinha me presenteou com um baralho cigano, ela disse apenas que sentiu que deveria me dar, mal sabia eu a importância que essas cartas teriam na minha vida. Comecei a estudar como se jogava e fui brincando de jogar para os amigos da escola, eles ficavam assustados pois diziam que era muito assertivo. A partir dali as cartas sempre estiveram presentes na minha vida, só as guardei no período que entrei pra igreja.
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Aos 16 anos eu já tinha me acostumado com as visões, havia se tornado algo comum aos meus dias, de alguma forma você se acostuma com isso, a vida precisa seguir, seus dilemas continuam. Lembro que nessa época as visões começaram a ser mais duradouras, se antes os espíritos apareciam e sumiam rapidamente, nessa fase elas permaneciam por mais tempo, e comecei a indagar se eu tinha algum problema mental, se tudo aquilo era algum problema na cabeça, nos olhos ou algo do tipo. Por diversas vezes me coloquei nesse lugar, achando que era doido e com isso a vergonha de falar das visões aumentava, era um processo pessoal bem difícil que eu não compartilhava com ninguém.
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Nesse período, conheci algumas pessoas da igreja evangélica Comunidade Corpo Vivo, eles foram extremamente importantes naquela fase, por lá fiz um grande amigo o Heber, uma das pessoas mais bacanas que tive contato dentro da comunidade evangélica, achei nele um irmão e um amigo, alguém que pude ser totalmente transparente e compartilhar sobre a minha mediunidade. Ele tinha um amor por Jesus Cristo e por Deus, que serviram de exemplo pra mim e eu também queria sentir aquilo.
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Eu mergulhei de cabeça na igreja, me batizei, era um bom frequentador e tive experiências incríveis com o que eles chamam de “ser cheio do espírito santo”, por lá aprendi que o seu nível de comprometimento pode te trazer momentos incríveis com Deus. Minhas visões permaneceram por lá também, mas a grande maioria das pessoas diziam que tudo o que eu via eram espíritos de demônios na terra e que eu devia expulsá-los, mas eu me negava a acreditar que eu via apenas demônios, isso de alguma forma foi me afastando da igreja, além da minha condição sexual. Cada vez mais eu via que não teria futuro por lá, pois não poderia ser quem nasci pra ser.
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Mas se tem uma coisa boa que aconteceu, foi durante uma célula (eram encontros para leitura da bíblia e troca de experiências que acontecem durante a semana na casa de algum membro da igreja), estávamos louvando a Deus e eu tive uma visão muito forte de uma pessoa tentando entrar na sala, chamei o Heber de canto e contei pra ele detalhadamente o que eu vi, em seguida um outro garoto (não me recordo o nome dele), falou em voz alta que tinha tido uma visão e descreveu a mesma coisa que eu vi, ali eu recebi um presente de Deus, era a confirmação de que não eram coisas da minha cabeça e foi um divisor de águas, me trouxe mais confiança e força para lidar com as visões.
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Aos 18 anos eu me desliguei da igreja e comecei a focar mais na vida pessoal, precisava trabalhar e lidar com as responsabilidades da vida adulta. Nesse período comecei a perceber uma presença espiritual em todos os lugares que eu ia, chegava a ser sufocante. Eu compreendia que era um espírito masculino, tinha meu tamanho e nunca me deixava ver seu rosto, foi assim por muito tempo, mas eu ainda não tinha consciência que se tratava do meu mentor. Até que iniciou um novo capítulo em minha vida, a audição espiritual.
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Quando um novo tipo de mediunidade se abre, você fica no escuro por algum tempo, não está sob nosso controle, não é quando queremos e também não deixa de ser assustador, mesmo acostumado com as visões, esse novo tipo de experiência mediúnica me deixou com medo algumas vezes. Lembro de estar tomando banho e começar a ouvir muitas vozes ao mesmo tempo, e eles comemoravam quando percebiam que eu conseguia escutar e chamavam outros. A quantidade de espíritos falando na minha cabeça se tornou quase insuportável e eu pedia que eles fossem embora, na maioria das vezes iam mesmo.
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O único que nunca me obedecia era esse espírito masculino, que era basicamente um comentarista da minha vida, tudo que eu fazia ou falava ele comentava, as vezes de forma rude e em grande parte descontraída, ele era engraçado, e foi dessa forma que fomos nos afinando e de pouco em pouco ele foi contando quem era, o que fazia e por que estava ali.
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Ele se apresentou como um espírito protetor e que escolheu estar ao meu lado nessa encarnação para me ajudar nos caminhos espirituais, não falava seu nome e não deu mais nenhuma informação, eu o chamava de amigo.
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Este espírito me disse que eu deveria usar o baralho cigano para entender questões da vida e que sempre que eu abrisse as cartas, ele estaria ali para auxiliar, e assim voltei a me aprofundar no baralho cigano e comecei a atender os amigos e amigos de amigos.
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Meu amigo mentor, não respondia tudo que eu queria, às vezes isso me irritava, eu até xingava ele, e o que mais me irritava era a falação dos outros espíritos, eles chegavam a me acordar de madrugada para pedir que eu desse recado para pessoas vivas, cheguei até entrar em contato com algumas pessoas pelo Facebook, mas a recepção não era das melhores, tinha muita desconfiança e aquilo foi me irritando, porque eles não davam paz até eu passar o recado, parecia que era um personagem do filme "Ghost", quando o “Sam” fica cantando até convencer a médium de ajudar, eles só não cantavam, mas o método era o mesmo, me fazer cansar até eu fazer o contato.
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Eu estava com 21 anos, morava no bairro da Liberdade em São Paulo, e em uma manhã eles perturbaram tanto minha cabeça, que eu fui rezar na Capela da Nossa Senhora dos Aflitos, e ali eu pedi pra Deus para que tirasse esse dom de mim, eu não queria mais escutar, não queria mais ver, só desejava ter paz. E como um passe de mágica, isso se tornou realidade, assim que coloquei os pés pra fora da capela.
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Um, dois , três, quatro dias e nada, nenhuma visão, nenhuma audição espiritual, nada, eu comemorei, me senti liberto e em paz, enfim poderia ler um livro, tomar banho sem ouvir vozes e ser apenas eu. Aproveitei os primeiros dias para ler muito, desde os 14 anos não parei de ler sobre religiões e formas de espiritualidade, algo que gosto até hoje.
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Comecei a ler sobre Allan Kardec, Chico Xavier, frequentei a Federação Espírita de São Paulo, eu amava ver as mini palestras e tomar passe, aquilo me dava muita paz. E quanto mais eu estudava mais eu entendia o quanto os dons eram presentes espirituais e eu precisava amadurecer o uso deles, tudo deveria ser em prol do trabalho de Deus, mas eu pedi pra Ele tirar de mim e foi tirado.
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Meses depois bateu um forte arrependimento, comecei a me sentir comum, eu não tinha mais meus dons, não ouvia mais meu mentor e fui ficando triste ao concluir que desperdicei e me desfiz de algo especial, algo que poucos têm, me senti ingrato com Deus e com a espiritualidade. Fui à Capela e implorei pra Deus devolver os dons e não tive nenhuma resposta, fiquei mais um ano sem sentir, ouvir e ver absolutamente nada.
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Nesse meio tempo frequentei alguns trabalhos espirituais no Ninho da Águia - Xamanismo, direcionados pela Vanessa Paz e pelo saudoso Tim, o espaço ficava na Penha e depois foi para perto da natureza em Atibaia, e foi através dessa prática que consegui reorganizar minha energia e aos poucos fui sentindo e percebendo que a mediunidade estava voltando para mim. Não era como antes, era muito fraco, eu tinha que me esforçar muito para ver alguma coisa, mas decidi que seria merecedor dos dons de Deus e comecei um processo de evolução e amadurecimento espiritual.
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Senti a necessidade de criar um método e todos os dias eu acendia vela, incensos, agradecia, rezava e pedia pra que eu fosse digno de ser um médium e ajudar as pessoas com meus dons. A relação com o meu mentor voltou com força, ele falava comigo diariamente e começou a contar um pouco sobre quem era, de onde vinha e porque tinha me escolhido, tudo o que posso colocar aqui, é que ele é um espírito de origem cigana e revelou isso para que eu me aprofunda-se mais nas energias e nos atendimentos.
Uma coisa bem interessante, ele disse que o mais difícil foi fazer com que o baralho chegasse até mim, teve que mover muitas coisas para que isso ocorresse, mas deu certo, e ele começou a mudar a forma com que eu fazia os atendimentos e até mesmo o significado na leitura de algumas cartas.
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Como contei, meu anseio por conhecer e praticar várias formas espirituais nunca foi cessado, eu sabia dentro de mim que eu ainda precisava mergulhar de cabeça nas tradições e religiões de matrizes africanas e aos 25 anos fui atrás de uma casa onde eu pudesse frequentar e aprender. Conheci o Ilê Asé Sangô Agodô, administrado pelo pai de santo Marcelo de Sangô na zona leste de São Paulo. A casa era mista, tinha a vertente de Umbanda e do Candomblé na linhagem Ketu, e eu já sabia que gostaria de me aprofundar no candomblé e assim mergulhei na história e trabalhos espirituais com os orixás.
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Frequentei por 2 anos, aprendi muita coisa e decidi que era hora de renascer para o orixá, me recolhi para a feitura de santo e fui feito de Logun Éde. Ali se cumpria meu último anseio de mergulhar em uma religião e conhecê-la a fundo, eu vivi tudo dentro do candomblé e senti que meu caminho espiritual precisa ser mais amplo.
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Nessa altura da vida todos os meus dons já tinham voltado, agora de uma forma mais madura e muito mais útil, pois eu ajudava as pessoas com eles, tinha um sentido em tê-los e também foram agregados os conhecimentos espirituais de todos os lugares que passei. Mas meu trabalho continuava pequeno, atendendo poucas pessoas e o meu mentor disse que eu precisaria aumentar esse raio, que eu poderia ajudar muitos outros, mas que seria preparada a hora certa e eu teria que ser batizado com um novo nome.
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5 anos se passaram e aos 33 anos de idade recebi meu nome espiritual, deixo o nome de bastismo apenas na vida particular e cuidarei de quem precisar ser cuidado, sendo Ravi Vidya, um ser humano espiritualista universalista, que respeita todas as práticas espirituais do bem, que agrega todo o ensinamento buscado e recebido desde os 14 anos e que trabalha no auxílio dos que necessitam.
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Ravi Vidya.